No Brasil, a crise financeira global parece ainda não ter afetado a contratação de executivos e de profissionais para escalões médios e iniciantes das empresas, de acordo com especialistas em Recursos Humanos.
A mesma constatação é compartilhada pelo Grupo DM RH, empresa que recruta pessoas para todos os postos das organizações, de altos executivos a novos talentos. Nenhum projeto de seleção ou recrutamento em andamento foi suspenso até o momento, de acordo com a presidente do Grupo, Sofia Esteves.
Wagner Brunini, o vice-presidente da ABRH-SP (Associação Brasileira de Recursos Humanos), explica que a crise ainda não afetou os planejamentos das empresas, justamente o que determina a contratação de profissionais. 'O que sentimos é que, justamente nas crises, cresce a necessidade de retenção de talentos dentro das organizações', contrapõe.
Segundo o diretor-geral do Congresso Nacional sobre Gestão de Pessoas, o CONARH, promovido pela ABRH-Nacional, Luiz Edmundo Rosa, o pior de uma crise ocorre quando as pessoas e as empresas deixam se influenciar pelo clima de pessimismo e começam a internalizá-la, esquecendo de qualquer bom senso.
'A crise se torna de fato real quando nos deixamos dominar pelo medo e pela dúvida. É quando, em vez de pensar nas oportunidades e imaginar novos caminhos, nos comportamos como a maioria em meio ao pânico. Alguns acham que são proativos cortando custos, adiando investimentos vitais, reduzindo equipes, programas de treinamento, marketing e vendas, mas tais medidas são defensivas e refletem a falta do pensamento estratégico, da criatividade e da ousadia', assinala.
Para Rosa, as pessoas que comandam empresas costumam esquecer que, justamente em tempos difíceis, deve-se mobilizar as equipes para conquistar novos negócios, fidelizar clientes e ganhar espaços que a concorrência está perdendo por medo de investir.
Ele adverte também que a carência de talentos, notada pelo mercado já há algum tempo, não vai mudar e que as empresas devem refletir sobre as dificuldades de se conseguir e manter talentos antes de demitirem seus profissionais.
O presidente da ABRH-Nacional, Ralph Arcanjo Chelotti, concorda. A crise está evidenciando que as empresas que têm uma gestão de pessoas eficaz podem sair na frente da concorrência. 'Empresas que já fizeram a lição de casa, que mapearam seus talentos, conhecem seus profissionais, têm programas de treinamento e capacitação vão sair da crise fortalecidas. Esta crise, mais uma vez, enfatiza a necessidade de as organizações enxergarem a gestão de pessoas como parte de seu negócio, e não como um apêndice de custo', finaliza.
Fonte: Info Money