Por Camila Guimarães
Há cada vez menos profissionais que esperam um aval da empresa para começar um MBA. Donos de suas carreiras, os executivos andam bancando seu próprio curso. Isso é o que revelou a pesquisa da VOCÊ S/A: 55% dos alunos abordados dizem pagar integralmente seus MBAs. Tomar essa atitude requer uma boa dose de planejamento financeiro. |
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Um curso de MBA não custa barato. A média de preços dos cursos classificados no ranking da VOCÊ S/A na categoria MBA Executivo é de 17 500 reais. Os que estão no topo da lista nessa mesma categoria custam na média 40 000 reais.
O primeiro passo para começar a se organizar, segundo o consultor financeiro Márcio Iavelberg, de São Paulo, é colocar na ponta do lápis o quanto se ganha e gasta e, a partir daí, identificar tudo o que pode ser cortado ou reduzido. É possível diminuir os gastos com roupas e restaurantes, por exemplo, ou trocar o carro por um mais barato. Após essa análise, é hora de avaliar as opções de pagamento que o mercado oferece. São elas:
1 - Pagamento à vista com desconto
Para quem pode fazer o pagamento à vista, o desconto costuma ser de 10%. Vale checar, porém, se o abatimento compensa. E aí é preciso fazer as contas. Se o curso custa 10 000 reais e o desconto oferecido à vista é de 10%, você economizaria 1 000 reais. Se esses mesmos 10 000 reais fossem investidos num fundo de baixo risco renderiam mais do que 1 000 reais (no período do curso)? Se sim, vale fazer a aplicação e pagar o curso mês a mês. Na comparação, não esqueça de descontar as taxas de administração e os impostos. Fundos de renda variável não são as opções mais indicadas neste caso, pois apresentam maior possibilidade de perdas no curto prazo.
2 - Parcelamento direto com a escola
Se for parcelar, negocie primeiro com as escolas. Você poderá conseguir boas opções:
Proponha quitar o curso em menos vezes com desconto. Ainda que menor do que o desconto oferecido para quem pagar à vista, você pode receber um abatimento, que varia de acordo com a política de cada escola. No Ibmec/SP o prazo máximo de parcelamento sem juros é de 23 vezes (matrícula mais 22 mensalidades). O desconto à vista é de 15,7% e varia entre 14,2% — para pagamentos em 3 vezes — e 3,6%, em 18 vezes.
Mexa na freqüência dos desembolsos. Em vez de pagar uma parcela a cada mês, realize um único pagamento a cada trimestre ou semestre. Essa é uma boa saída para quem tem remuneração variável e deseja utilizar o bônus para pagar o curso ou para quem tem dinheiro aplicado.
Peça um número de parcelas maior. Os juros aplicados pelas escolas costumam variar entre 1,055% e 1,8% ao mês. Não é pouco, mas ainda é melhor do que a alternativa seguinte.
3 - Financiamento bancário
Se a negociação com a escola não for suficiente, o negócio é financiar o curso. Mas fique atento às taxas. Os juros das linhas de crédito para cursos de pós-graduação (chamadas de CDC MBA) vão de 2,35% a 3,92% ao mês e só valem para os cursos credenciados em cada banco. Márcio Iavelberg reforça que o melhor negócio ainda é negociar com a escola, já que as taxas praticadas por elas costumam ser mais atraentes.
4 - Bolsa de estudo
Essa é outra opção, mas é importante saber que a oferta é bastante limitada. A Capes, fundação do Ministério da Educação, tem o Programa de Suporte à Pós-Graduação de Instituições de Ensino Particulares (Prosup), estabelecido diretamente com a universidade. Cada uma delas desenha os critérios de concessão dos recursos, que não precisam ser restituídos pelo aluno. Para saber se um curso conta com o programa, é preciso consultar a instituição. Existe, ainda, a Fundação Estudar, organização sem fins lucrativos que oferece bolsas parciais (entre 10% e 90%) para escolas de excelência, como FGV-SP, Ibmec/RJ e Fundação Dom Cabral, em Minas Gerais. Se, apesar das alternativas, você ainda não tem orçamento para se matricular num MBA, não desista. A recomendação é adiar o curso por um tempo, até você economizar o dinheiro para financiar sua educação.
Na ponta do lápis
Dois anos antes de iniciar o OneMBA da FGV-SP, o engenheiro metalúrgico Fernando Prado, de 35 anos, já pesquisava opções e poupava dinheiro. Diretor de novos negócios da Brasil Agronegócio S/A, que presta consultoria e serviços de certificação agropecuária, ele buscava exposição internacional sem a necessidade de deixar o mercado de trabalho, além de uma visão mais completa dos processos de gestão. Fernando irá desembolsar 30 parcelas de 3 000 reais pelo curso, com duração de 21 meses. Antes de tomar a decisão, ele fez as contas e optou pelo pacote-padrão com o maior número de parcelas. Essa alternativa era a única que lhe permitia utilizar seus ganhos mensais para arcar com o curso e ainda construir um colchão de segurança. Precavido, ele colocou num fundo o valor equivalente a 12 mensalidades. “Assim garanto certa tranqüilidade e não preciso interromper o curso diante de algum imprevisto”, diz ele.