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A revolução no trabalho corporativo Publicada em 8/5/2008

Neste mês de maio, quando se comemora internacionalmente o Dia do Trabalho, é interessante verificarmos a verdadeira revolução que ocorreu não apenas na organização do trabalho nas indústrias, mas também no setor corporativo, no período marcado pela velocidade das transformações: o século 20, especialmente em sua segunda metade, e neste início de século 21. As mudanças podem ser observadas de forma muito visível: se colocarmos, lado a lado, duas fotografias – uma de 1908 e outra de 2008 - dos escritórios de uma empresa multinacional centenária e de ponta em seu segmento, a diferença verificada nos dois ambientes certamente será brutal.

De um lado, funcionários rigorosamente engravatados alinham-se em fileiras de pesadas mesas e cadeiras, quadradas e de linhas invariavelmente retas, em madeiras de tons escuros. A iluminação geral é precária; os equipamentos básicos são as também robustas máquinas de escrever e de calcular. O ambiente geral é escuro e opressivo. O outro instantâneo, atual, revela espaços leves, com mobiliário de cores claras, iluminação com o número de lux adequado a cada tipo de atividade e mesas limpas; sobre elas, apenas um telefone (eventualmente, nem isso, substituído pelo celular). O que a câmera, agora digital, revela de diverso entre esses dois “mundos” do trabalho corporativo deve-se à revolução introduzida pela tecnologia da informação (TI), principalmente a partir do final da década de 1990. A explosão da informática, da internet, da comunicação por celular, entre outras inovações, alterou também a arquitetura das edificações e de interiores, com o design e a ergonomia investidos no mobiliário e a iluminação das áreas de trabalho ganhando forte relevância, mudando completamente o panorama das empresas.

 

Nesses nossos novos tempos, tudo é realmente diferente. As barreiras – físicas e organizacionais – caíram e as formas de encarar a participação dos funcionários e colaboradores nas organizações também. A informatização permitiu reduzir o número de funcionários, com o corte de determinadas funções.

 

O trabalho passou a ser fortemente colaborativo e, nas companhias de vanguarda tecnológica, a presença física do funcionário no escritório já não é tão necessária, proporcionando nas empresas mais avançadas a possibilidade de seus empregados e colaboradores conciliarem vida profissional e pessoal. Um dos melhores exemplos dessa nova forma de trabalho pode ser encontrado na sede da empresa espanhola de telecomunicações Telefonica, em Las Tablas, Madri. Ali, a empresa criou uma nova sede, batizada de “Distrito C”, na qual a meta é que, em 2008, cerca de 40% dos mais de 7 mil funcionários da empresa trabalhem num esquema que soaria completamente absurdo não digo no início, mas até mesmo em meados do século 20: eles não têm mesa de trabalho. Utilizam computador portátil, agenda eletrônica e celular e possuem crachás que permitem a eles escolher os locais mais adequados para trabalhar, na empresa ou, se preferirem, em casa.

 

Evidentemente, essas mudanças implicam alterações enormes em relação ao mobiliário exigido para acomodar funções tão múltiplas e mutantes. As estações de trabalho hoje pedem uma dinâmica maior, mas ainda com certa privacidade, e as divisórias cumprem novos papéis – não mais de isolar, mas de garantir privacidade mínima exigida pela função. A iluminação, em vez de ser uniforme, passa a ter a quantidade adequada para cada tipo de trabalho; fachadas controlam a luminosidade e o calor. Os laptops assumiram o posto antes ocupado pelo volumoso kit CPU, monitor, mouse, teclado e caixa de som. A ergonomia é fator de produtividade e qualidade de vida profissional e cada vez mais aplicada no desenho de um móvel.

 

Naturalmente, a concepção de um projeto de arquitetura de interiores para um escritório moderno exige a colaboração de profissionais de diversas áreas: o arquiteto responsável pelo projeto de interiores; o lighting designer, autor do projeto de iluminação; o arquiteto-paisagista, que desenvolve o projeto de paisagismo do ambiente; e o designer de produto, que projetará o mobiliário mais adequado para aquelas atividades e funções. Como resultado, tanto do ponto de vista estético quanto funcional, e até ambiental, os espaços de trabalho tornam-se mais agradáveis, com mobiliário adequadamente especificado e com características ergonômicas que preservam a saúde dos funcionários e colaboradores. Isto também já está disponível no Brasil, a preços relativamente acessíveis. Basta querer. A diferença pode ser vista na foto, no rosto das pessoas!

 

* Ronaldo Duschenes é designer, arquiteto e presidente da Flexiv – Escritórios de Sucesso, empresa de móveis para escritório. É conselheiro da Abimóvel (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário), ex-presidente e vice-presidente do Simov (Sindicato da Indústria do Mobiliário e Marcenaria do Estado do Paraná), vice-presidente da Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), conselheiro da Unindus (Universidade da Indústria) e do IBQP (Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade)


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