Por Carolina Nadjar
Miriam Carona, 36 anos, da Claro: proposta veio junto com a gravidez
A aprovação do projeto de lei no Senado que estende para seis meses a licença-maternidade acende a discussão sobre a carreira das mulheres. |
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Na prática, deixar a empresa por um tempo, mesmo em cargos mais altos, não tem impedido que elas subam na hierarquia, embora seja importante, dizem as executivas, ficar em contato com a empresa durante a licença. Vale o mesmo para o momento da seleção. A contratação de grávidas para cargos gerenciais vem ocorrendo em grandes empresas, sinal de que as companhias estão mais preocupadas com a contribuição de longo prazo das profissionais.
A contadora paulistana Miriam Sayuri Kimura Carona, de 36 anos, é um exemplo disso: no meio do processo seletivo na operadora de celular Claro, descobriu que estava grávida. Ela avisou os responsáveis pela seleção e hoje, no sexto mês de gravidez, ocupa a diretoria executiva de auditoria. “Contei imediatamente e, mesmo assim, ouvi a proposta em seguida”, diz Miriam, que é formada em ciências contábeis, tem pós-graduação, MBA e experiência profissional nos Estados Unidos.
O motivo por trás da contratação de Miriam é a necessidade de encontrar gente talentosa que possa contribuir no curto e no longo prazo para o negócio. “Vivemos uma guerra por talentos e por isso gravidez se tornou um detalhe”, afirma Renata Wright, gerente da Michael Page, empresa de headhunting de São Paulo. “Vejo que 90% dos meus clientes não têm restrição a mulheres grávidas.”
Motivação
A consultora de recursos humanos do Citibank, Cláudia Mazzetto, de 38 anos, descobriu que estava grávida na mesma época em que fazia as entrevistas para ocupar o cargo atual. “Por eu ter sido aceita, foi motivador. Queria dar o máximo de mim”, diz. “Por experiência própria, digo que as grávidas trabalham com motivação extra, pois querem manter sua carreira depois de ter o bebê”, diz Elizabeth Maia, consultora de Right Management, empresa de consultoria de carreira de São Paulo.
Mudança nas empresas
Para atender as mães e não perder boas profissionais, as companhias vêm se adaptando. Veja o que algumas organizações têm feito:
1 A IBM permite que as mães que amamentam saiam durante o expediente para o aleitamento, com transporte pago pela empresa.
2 No Banco Real, existe um lactário para que as mães possam armazenar o leite e levar para os filhos quando deixam a empresa, no final do dia.
3 Na sede da Claro, em São Paulo, está em projeto uma creche para as mulheres com crianças pequenas. “A idéia é ter uma creche que complete o período de amamentação depois da licença-maternidade. Quero dedicação e não gostaria de ver uma mãe voltando ao trabalho triste porque teve de parar de amamentar”, diz João Cox, presidente da companhia.