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Cresça junto com a equipe
por Você SA
Publicada em 3/3/2008

Por Roberta Queiroz

 

Seu chefe conhece sua equipe? Mais: ele sabe quais são seus potenciais sucessores? Se a resposta for não, tome cuidado. Você pode empacar seu crescimento na carreira se não souber mostrar os talentos do seu time. Hoje, mais do que desenvolver seus substitutos, as empresas querem conhecê-los, saber se o investimento em desenvolvimento e retenção está realmente valendo a pena e, principalmente, se você está fazendo direito a lição de casa.

   

“São poucos ainda os profissionais que têm a visão e o preparo para expor seus substitutos aos olhos de outros líderes”, diz Robert Wong, diretor e sócio da Partnership & Learning, empresa de educação empresarial, em São Paulo. “Mas essa é a postura que as companhias esperam dos líderes hoje.”

 

Empresas como Unilever, Eli Lilly e Toyota vêm exigindo essa atitude de seus líderes até nas avaliações de desempenho. Tanto interesse em conhecer o que cada um do time entrega (e como entrega) existe porque os chefes dos chefes querem identificar as habilidades de cada um na empresa para saber com quem podem contar em cada projeto. Eles querem também conhecer os possíveis substitutos em cargos estratégicos. “Tanto quanto mostrar resultados financeiros, uma das minhas metas é justamente desenvolver e expor os talentos da minha equipe”, diz o engenheiro carioca Rony Golczewski, de 31 anos, gerente nacional de negócios da área de cuidados críticos da Eli Lilly do Brasil, que comanda um time de 19 pessoas.

 

Rony sabe que para subir na empresa precisa fazer a equipe crescer — e aparecer. Para isso, seu trabalho no dia-a-dia é boa parte dedicado ao desenvolvimento dos profissionais. “Uma das minhas funções é ajudar cada profissional a conquistar seus objetivos de acordo com a estratégia da empresa”, explica Rony. “Procuro saber quem quer fazer parte de outra área, desenvolver as habilidades necessárias e, claro, apresentá-los aos outros líderes da companhia. ”Isso porque a sucessão na Lilly não acontece necessariamente na mesma área — um outro forte motivo para que todos os líderes conheçam os talentos de sua empresa, aliás.

 

Rony também procura criar maneiras de expor seus profissionais, como incluí-los em projetos especiais, em apresentações para os líderes da empresa e fazer com que eles acompanhem visitas a campo com diretores e até com o presidente. “Isso permite que eles evoluam e estejam preparados para assumir outras posições”, afirma. Sua equipe tem até oportunidades de apresentar dissertação de mestrado, livros ou soluções de negócios para outros setores.

 

Efeito Cascata

Essa estratégia também é usada pelo administrador de empresas carioca Waldyr Roma, de 31 anos, gerente nacional de desenvolvimento de redes da Toyota do Brasil. Waldyr aprendeu a lição com seu próprio chefe logo que entrou na Toyota. “O meu diretor me deu oportunidades de realizar cursos e treinamentos internacionais e conhecer outras operações da empresa em diversos países, o que fez com que outros executivos pudessem conhecer meu trabalho”, diz.

 

Hoje, Waldyr faz o mesmo com sua equipe, oferecendo desafios para que cada um mostre sua capacidade de gerar resultados e enfrentar os problemas. “Em reuniões com o diretor e com o vice-presidente, sempre convido um analista para que possa participar das discussões”, afirma. Antes, ele orienta seu subordinado a preparar apresentações e relatórios para que outros superiores possam ver o seu trabalho. O que ele vem ganhando com isso? Promoções. Em cinco anos, ao deixar substitutos bem preparados, ele passou de consultor de vendas a gerente nacional.

 

Na Toyota, essa estratégia vem dando bastante resultado. Segundo Waldyr, as principais funções da empresa estão sendo assumidas por profissionais da própria casa. O que traz uma vantagem competitiva para a Toyota, uma companhia que é modelo de inovação e também de competitividade. “Empresas que expõem seus talentos crescem mais rápido”, afirma Carlos Diz, diretor do Instituto de Liderança Executiva, no Rio de Janeiro. “Embora as multinacionais estejam à frente em relação a essa política, não vai demorar muito para que as brasileiras também cobrem essa atitude.”

 

Além de a companhia cobrar, é fundamental que o profissional esteja preparado. Muitos ainda temem perder o cargo, ou que muito brilho na equipe ofusque o seu próprio.“Os executivos precisam incorporar nas suas tarefas descobrir e desenvolver os potenciais talentos”, reforça Vera Durante, diretora de recursos humanos da Unilever e responsável pelo acompanhamento dos 2 500 funcionários da empresa no Brasil. “Para isso é preciso preparação e uma boa dose de coragem.”

 

Faça você mesmo

Cinco atitudes para pôr em prática diariamente e fazer o trabalho da sua equipe aparecer:

 

1 Prepare os funcionários para que eles possam fazer apresentações de projetos para o seu chefe

2 Permita que eles participem de projetos especiais e, se possível, deixe que eles liderem esses projetos

3 Convide alguns talentos da equipe para representar a empresa em conferências, palestras e eventos, levando apresentações da companhia

4 Coloque uma pessoa em seu lugar quando tirar férias, respondendo formalmente ao seu superior

5 Deixe que seu substituto tome algumas decisões estratégicas, e não somente siga suas orientações

 

 

Entrevista

 

Robert Lauterborn diz que grandes líderes só prosperam se enriquecerem seus funcionários

Por Fabiana Corrêa

 

O consultor americano Robert Lauterborn já foi diretor de marketing da General Electric nos Estados Unidos e hoje ganha a vida aconselhando as maiores empresas do mundo sobre a gestão de suas marcas. Ele está lançando o livro Os 4 Es de Marketing e Branding (Campus/Elsevier), escrito em conjunto com o brasileiro Augusto Nascimento, outro especialista na área. Os tais Es são uma evolução do conceito lançado pelo papa mundial da área, Philip Kotler.Diz que, além de ponto-de-venda,produto,preço e promoção, as empresas que querem continuar no mercado precisam investir em: enlouquecer concorrentes, encantar clientes, entusiasmar funcionários e enriquecer todo mundo. Os novos mandamentos valem também para os gestores de pessoas, que não irão alcançar os resultados sem envolver as equipes diretamente no negócio e torná-las mais ricas do que são hoje, seja em conhecimento, dinheiro ou experiência de vida. Nesta entrevista, ele explica como aplicar as regras para a sua carreira.

 

- É possível animar a equipe em períodos de dificuldade?

Eu sempre pensei que meu dever,como gestor, era criar um ambiente em que todos os que trabalhassem conosco fizessem o melhor trabalho de suas vidas. Oportunidades e reconhecimento são essenciais nesse processo. Condições econômicas ruins não são tão importantes quando você faz com que as pessoas amem seu trabalho.

 

- E como se faz isso?

Há aí um trabalho que não é apenas dos gestores de recursos humanos, mas do departamento de marketing. É o pessoal do marketing que precisa, também, entusiasmar os funcionários e transformá-los em consumidores da marca.

 

- Esse entusiasmo e a obrigação de enriquecer os outros podem ser levados para a nossa carreira?

Absolutamente. Um dos quatro Es diz respeito a encantar e fazer de seu empregado o seu principal consumidor. Esse conceito diz que o funcionário tem de fazer parte de qualquer esforço em que você esteja empenhado para ganhar mercado. Por exemplo, na International Paper (um dos maiores fabricantes mundiais de papel para livros e jornais) fizemos um campanha publicitária chamada A Força da Palavra Impressa, para incentivar os jovens a ler e escrever mais. E o principal foi o envolvimento de todos os funcionários nos esforços. Perguntamos a eles sobre como ajudar o sistema escolar em suas comunidades. Aconselhamos os funcionários a tornaremse tutores da educação para adultos locais. Eles realmente se envolveram e passaram a admirar mais a marca.É assim que um líder deve agir: enriquecendo a vida das pessoas e gerando entusiasmo.

 

- Quais são os benefícios de se aplicar os Es para a carreira?

Sua equipe vai trabalhar melhor e ter um desempenho acima da média. Não só sua empresa vai prosperar, mas as pessoas que estão em torno dela também, o que é essencial para a sobrevivência de uma companhia hoje.

 

- Quais empresas melhor aplicam os Es?

Bom, as de sempre: Apple, Coca-Cola, GE. Está fora de moda pensar em negócios importando-se apenas com os próprios ganhos e benefícios. Por que elas enriqueceram tanto? Elas deixaram seus donos mais ricos, certamente, mas também ajudaram a enriquecer seus empregados e a família deles. - Você acha cínico ser socialmente responsável só porque é importante para os negócios? Claro que há uma série de pessoas fazendo isso apenas pela pose, mas, mesmo assim, não é de todo mal, porque a contribuição é importante. Mesmo que seja cínico, não é tão ruim, pois vai gerar algo de positivo para a comunidade. Ou seja, ainda que as razões da liderança sejam cínicas, os funcionários e a comunidade em torno terão algo de bom.

 


Artigo fornecido pela revista VOCÊ S/A.
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