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Lendas corporativas
por Você SA
Publicada em 24/12/2007

Por Fabiana Lopes

 

A paulista Alessandra Marques, de 31 anos, começou sua carreira em uma indústria farmacêutica de São Paulo. Assim que se formou, a farmacêutica-bioquímica foi contratada para o departamento médico da empresa. Tinha 22 anos e nenhuma experiência. Acabou ficando no emprego por oito anos tempo demais para quem pensa que os recrutadores vêem com maus olhos o profissional que passa um longo período em uma única empresa.

   

 
A trajetória de Alessandra, entretanto, é uma prova de que essa crença é um mito.

Em busca contínua por atualização, ela trabalhou em seis áreas da empresa, diversificando a atuação. Essa experiência chamou a atenção do laboratório Eli Lilly, que contratou Alessandra em 2005 para gerenciar um departamento recém-criado: farmacoeconomia. 'Eu contava com um conhecimento que poucos tinham.' Se tivesse se prendido às lendas corporativas, talvez Alessandra não conquistasse essa posição. Há profissionais, no entanto, que seguem à risca supostas leis do mercado, sem questionar se elas têm fundamento. É o caso daqueles que sentem-se excluídos porque passaram dos 40 e dos que (ainda!) pensam que MBA é garantia de sucesso. 'Essas crenças são prejudiciais porque o profissional pode fazer mudanças drásticas com base em equívocos', diz Patrícia Epperlein, sócia da consultoria Mariaca Intersearch, em São Paulo. A seguir, outros 10 mitos freqüentes no mundo corporativo.

 

1. Melhor não ficar muito tempo em uma única empresa

Dizem que o profissional que passa mais de cinco anos em uma única empresa é visto como inflexível, acomodado e sem capacidade de adaptação e crescimento em outras organizações. Balela. 'O importante é mostrar resultado, experiência, projetos feitos do começo ao fim. Quem trabalhou muito tempo na mesma companhia pode ter uma vivência melhor do que quem teve vários empregos', diz Patrícia, da Mariaca. Demonstrar estabilidade também conta pontos a favor (em vez de contra). O profissional que pula de galho em galho pode dar a impressão de que vai ser atraído pelo primeiro convite de outra organização.

 

2. Ser amigo do headhunter é garantia de recolocação

'Conhecer o headhunter pessoalmente não significa que você será cogitado para uma vaga', afirma a headhunter Sofia Esteves, da DM Consultores, em São Paulo. O importante, segundo ela, é manter o currículo atualizado no banco de dados. De nada adianta tentar estreitar a relação com o heahdhunter e, com isso, imaginar que vai passar para uma próxima etapa na seleção.

 

 3. MBA é sinônimo de sucesso

O MBA valoriza o currículo, mas o profissional precisa ir além. Competências cada vez mais valorizadas, como a habilidade para trabalhar em equipe, não vêm junto com o diploma. Além disso, nem todas as empresas e posições realmente exigem profissionais com esse tipo de formação. 'Quantos profissionais não cursaram um MBA e ocupam cargos importantes?', questiona o consultor José Augusto Minarelli, da Minarelli Outplacement, em São Paulo.

 

4. As empresas só contratam depois do Carnaval

Os meses de dezembro, janeiro e fevereiro são considerados ruins para buscar um novo trabalho. Mas há empresas que intensificam a busca de profissionais justamente nesses meses, para começar o ano seguinte com novas equipes. 'Contratamos de quatro a cinco gerentes por mês, independente do período do ano', afirma Alcino Therezo Júnior, gerente de recrutamento e seleção da EDS Brasil. O próprio Alcino passou o último dia 29 de dezembro entrevistando candidatos. 'A máquina não pára.'

  

5. Ser bem-sucedido é ser CEO

'Nem sempre você quer fazer carreira executiva e ser presidente. E isso não significa que tenha sido mal sucedido na profissão', afirma o consultor José Augusto Minarelli. 'Ter uma carreira de sucesso não significa assumir funções que demandam habilidades que você não tem ou que exigem um comportamento de que não gosta.'

  

6. A internet é o melhor lugar para encontrar emprego

Na internet encontra-se apenas uma fração das vagas que surgem diariamente nas empresas. Intensificar o networking ainda é uma das melhores formas de encontrar emprego, assim como contactar consultorias de carreira e fazer uma lista de empresas-alvo para enviar o currículo. 'Quem não está trabalhando tem de jogar uma rede enorme no mercado. A vaga, às vezes, surge do lugar em que menos se espera', diz Sofia, da DM Consultores.

 

7. É fundamental ser expansivo em uma entrevista de emprego

Saber se comunicar é importante, mas isso não significa que os tímidos não têm vez. 'O importante é que eles consigam demonstrar suas características, experiências e competências de modo convincente, para que o recrutador possa conhecê-los', afirma o professor Moacyr Carlos Sampaio Silva, coordenador da pós-graduação em psicologia social das organizações do Instituto Sedes Sapientiae, em São Paulo. 'Falar demais, querer ser o que não é, tentar se destacar exageradamente e fazer gênero têm efeito contrário. Nós percebemos quando estamos diante de um personagem', afirma Cláudio Neszlinger, diretor de RH da Microsoft.

  

8. Contatos importantes impressionam o headhunter

Trabalhar com pessoas reconhecidas no mercado é bom. Mas enumerar seus contatos diante do recrutador pega muito mal. Isso pode parecer um subterfúgio para esconder sua fraca experiência. 'Dá a impressão de que o profissional quer impressionar por meio dos outros e não por causa do seu currículo', afirma a consultora Patrícia Epperlein. 'Você pode dizer que tem admiração por alguém que lhe ensinou muito. Mas não vale pegar carona no nome dos outros.'

  

9. Se você tem mais de 40 anos, está velho para o mercado

Considerados flexíveis, cheios de iniciativa e energia, os profissionais mais jovens nem sempre se encaixam em cargos estratégicos, que precisam de pessoas experientes ou especialistas em determinados setores. 'A EDS contrata pessoas com 55, 60 anos porque são experts em linguagens que hoje em dia ninguém conhece', conta Alcino, gerente de recrutamento e seleção. Tem mais. A maior parte dos empregos ainda está nas médias e pequenas empresas, que geralmente buscam profissionais mais experientes, que já passaram por organizações reconhecidas no mercado. Mais importante que a faixa etária, no fim das contas, é o nível de atualização do profissional -- se ele se acomodar, realmente não será bem visto.

  

10. É errado ligar para saber o resultado de uma entrevista

No fim da entrevista, você deve perguntar se há previsão de feedback . 'Quando o retorno não vem no prazo esperado, você pode telefonar para a empresa e pedir uma posição', diz Sofia Esteves. Mas fique de olho na abordagem: seja objetivo e evite intimidade.


Artigo fornecido pela revista VOCÊ S/A.
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