Por Luiz Carlos de Queirós Cabrera
Um dos momentos mais críticos e importantes de uma carreira é quando o profissional decide mudar de área. As razões são muitas: por ter descoberto sua real vocação, por querer ter uma carreira mais abrangente que o leve a uma gerência geral, por não se sentir progredindo numa área funcional, por exemplo tecnologia da informação ou recursos humanos, ou até mesmo para procurar novos desafios intelectuais. |
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Se esse é o seu caso, vão aqui algumas recomendações. Essa mudança, em geral, deve ser feita na empresa onde você está trabalhando. É muito difícil mudar de área de atuação e de emprego ao mesmo tempo. O pior é que uma dupla mudança implica muitas vezes você ter de pagar um pedágio, ou seja, ter de aceitar uma remuneração menor, para justificar o investimento e o risco que a empresa está correndo em colocá-lo numa área em que ainda não atuou.
Vejamos como conduzir o processo internamente. Em primeiro lugar, você precisa ter todas as informações disponíveis sobre a área em que quer atuar. E essas são informações que você precisar ter direto da fonte. Procure os colegas da área-foco, pergunte sobre os principais desafios, o estilo de gestão das chefias, os planos futuros e preste atenção no 'tipo' de profissional que naquela área é considerado de alta performance. As mudanças de carreira, em geral, são de áreas funcionais para áreas de negócio.O profissional sente que precisa estar mais perto do cliente, mais ligado diretamente ao resultado. Um aspecto importante, portanto, é o autoconhecimento e também os registros de avaliação de desempenho existentes na empresa. É aí que estão os principais argumentos para conquistar a mudança. O segundo passo é você ter o apoio das chefias das áreas para as quais você quer se mudar. Aí é mesmo um processo político (do bem) de formar alianças e parcerias. Seus colegas é que deverão ser os seus parceiros para que você possa se fazer conhecer por aqueles que poderão lhe fazer o convite.
Mas muito cuidado! Não converse com nenhum dos 'potenciais futuros chefes' sem falar com o seu chefe primeiro. Essa é uma conversa muito delicada. Não é hora de falar de nenhuma insatisfação passada. É hora de falar somente de futuro, de seu plano pessoal, de sua vocação e de seus objetivos. O que você precisa pedir é apoio e garantir que fechará os ciclos que estiverem abertos.O processo político (do bem) é delicado porque mexe com poder e com sentimentos. É uma combinação explosiva que você precisa trabalhar com todo o cuidado e integridade. É por isso que a decisão tem de estar bem madura, pois a negociação da mudança quando começa, em geral, é irreversível.
Luiz Carlos de Queirós Cabrera é professor da Eaesp-FGV, diretor da PMC Consultores e membro do Executive Board da Amrop Hever Group.