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O inimigo nosso de cada dia
por Você SA
Publicada em 5/11/2007

Por Marcelo Aguilar

 

Nem sempre temos controle sobre as coisas, mas às vezes podemos usar uma situação desfavorável para atingir nosso objetivo.

 

Imagine minha frustração. Tinha pensado em um artigo para a VOCÊ S/A sobre o tema: 'Com a velocidade da vida aumentando, a gente faz mais e pensa menos! Como sair dessa?'.  

   

Então, recebo a revista Veja com a matéria de capa: 'Decida, antes que decidam por você' e um tópico sugestivo: 'Como fazer escolhas num mundo com excesso de informação, pressão por desempenho e pouco tempo para pensar'.

 

Pronto, lá se foi meu artigo. Caso tivesse escrito antes da publicação de Veja, seria um assunto atual. Hoje seria considerado, no mínimo, ultrapassado, ou até recebido como plágio.

Como aproveitar então o tempo que eu já havia gasto? Se a vida te der um limão, faça uma limonada. Este ditado me irrita porque dá a impressão que sempre temos controle sobre as coisas, o que não é verdade. Mas, às vezes, funciona. Por que não focar na diferença?

 

Tempo virou uma 'commodity' valiosa, efêmera e de uso único. Isto é, o tempo usado não pode ser recuperado. Esta commodity não está nas bolsas de valores para ganharmos com sua valorização. Não podemos fazer uma aplicação dela em um banco para evitar que a 'inflação de informações' da vida moderna a corrompa. Usou, acabou. Einstein continua válido. O tempo continua sendo unidirecional, qualquer que seja sua direção.

 

Um dos problemas da modernidade é o ajuste da velocidade do pensamento versus a nossa relação com o tempo. A velocidade do nosso cérebro na aquisição de informação até acompanha a da tecnologia, mas a nossa capacidade de reflexão, não. A velocidade da nossa reflexão pode ser exercitada por intermédio da prática, experiência e aquisição de conhecimento, mas, para isso, ainda precisamos de tempo. Como arranjá-lo?

 

Numa pesquisa simples via Internet encontrei 465 cursos de 'Gestão do tempo' nos websites em português. Desses, 262 são online, voltados para quem não tem tempo de participar de aulas presenciais, ou quer ajustar o curso ao seu tempo disponível. Muitos oferecem uma solução mágica, que aprendi que não existem. Além disso, existe um conflito conceitual. A palavra gestão, segundo o dicionário, é o ato de gerir ou administrar alguma coisa. Como podemos administrar algo sobre o qual não temos controle algum? Talvez a escolha do nome do curso seja simplesmente uma estratégia de marketing para vendê-lo. Acho difícil alguém comprar um curso sobre como zelar, com carinho, pelo tempo de que dispomos para fazer as coisas que devemos fazer; por mais correto que seja o nome.

 

Alguns destes cursos podem te passar técnicas e práticas válidas para aproveitar e economizar melhor o tempo que você dispõe. Mas, para que serve a economia se você não tiver um objetivo claro de como usá-la? 'Não há vento favorável para aquele que não sabe aonde vai', já dizia Sêneca.

 


Artigo fornecido pela revista VOCÊ S/A.
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