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Como montar uma equipe ideal Publicada em 5/11/2007

“Se encontrar um homem melhor que você, contrate-o. Se necessário, pague a ele mais do que você ganha”. David Ogilvy.

 

Sou consultado com muita freqüência sobre quais são as melhores pessoas para compor grupos e equipes. Qual é o perfil ideal, como avaliar e escolher, etc. Naturalmente, sinto também, por trás deste questionamento uma angústia com suas próprias características e

 

uma busca insana da mudança de si próprio, para ser o que o “mercado” espera.

Nestas horas, sempre lembro de um texto de David Ogilvy, no livro “Ogilvy inédito”. Sua agência buscava um Diretor de Criação e pediram a ele que definisse quem queria.

Sua resposta veio num anuncio que reproduzo a seguir...

“Cisnes que Trombeteiam. Temos uma vaga para uma dessas aves raras”.

“Admiramos profissionais: com altos padrões de ética e moral, gente grande, sem insignificâncias, corajoso sob pressão, flexível na derrota, capacidade para o trabalho árduo e gás para virar noites, cérebros brilhantes, inovadores e criativos, um traço de anti-ortodoxia, entusiastas, inspiradores, otimistas com ímpeto e prazer, com senso de humor, simpáticos e gentis, intolerantes com  a preguiça, sinceros, ao ponto da indiscrição, cultos e organizados, que saibam  delegar, que formem seus subordinados, que inspirem confiança e orgulho, que abominem  segredos e politicagem, que saibam desenvolver parcerias e camaradagem, que sejam objetivos e voltados ao resultado, que sejam bons vendedores, mesmo que apenas de suas próprias idéias”.  

Não vou tão longe. Por meu lado, prefiro utilizar as técnicas clássicas das religiões, que, ao invés de definir tudo que se pode fazer, optam por determinar aquilo que não se pode, aquilo que é proibido; os poucos pecados capitais, os poucos “Não”. Fica mais fácil “se não é pecado, pode ser feito”. Assim criei os poucos “livre-se de...”, pessoas que não podem fazer parte de uma equipe de alta performance.

 

Livre-se de:

 

Preguiçosos; que falam muito, fazem pouco, vivem tendo grandes idéias, mas acabam sempre dando apenas boas desculpas pelo não feito.

 

Pretensiosos; que se crêem melhores do que são, não ouvem e não aceitam a opinião dos outros, e para quem a culpa é sempre dos outros.

 

Indecisos; que nunca decidem, que sempre brecam todo o processo em busca de mais detalhes, e que sempre acabam criticando quem fez alguma coisa.

 

Carentes Afetivos; que paralisam se não forem “carregados no colo”, que se sentem injustiçados se o “colega” ao lado é elogiado, que choram e perdem tempo dos outros.

 

Inadequados; que dizem o que não se deve, assediam e invadem, e sempre acabam criando um péssimo “clima” na equipe.

 

 “Politiqueiros”; que falam demais, que julgam demais, que “fofocam” por tudo e com todos, e acabam desestabilizando as lideranças sem criar nada de volta.

 

Sem ética e caráter, com eles tudo vai por água abaixo.

 

Tirando estes, todos os demais são bons parceiros de equipe. Fácil. O que é preciso na montagem de uma equipe é criar a sinergia do grupo, ou seja, que talentos e competências individuais se somem para que o resultado da ação conjunta seja superior à atuação de cada um dos indivíduos. Para isto, não basta juntar os melhores talentos individuais. Aliás, na maioria das vezes, equipes de “estrelas” têm problemas de funcionamento e gastam muito mais tempo para tomar decisões e fazer escolhas. A escolha correta deve se basear nas habilidades e competências complementares para que ocorra sinergia, e na capacidade de cada indivíduo de contribuir para as metas e objetivos do projeto. As equipes devem ser estruturadas levando em consideração os perfis ou tendências pessoais e a personalidade dos indivíduos. A formação de boas equipes exige seleção minuciosa e, não é um evento, mas uma tarefa contínua e permanente. 

 

Gilberto Guimarães

Gilberto Guimarães é professor da Fundação Getúlio Vargas, presidente do Comitê de RH da Câmara Americana (AMCHAM), presidente do Instituto Amigos do Emprego e diretor da consultoria francesa BPI do Brasil.


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