Cuidados ao retomar projetos engavetados pela crise
Publicada em 29/1/2010
por Juliano Casa
Em 2009 diversos projetos foram engavetados ou suspensos em função da grande crise econômica daquele ano. Agora, com o início de um novo ano, em conjunto com a retomada da economia e o reaquecimento do mercado, é natural que as pessoas planejem a execução dos projetos abandonados durantea crise. O mesmo acontece com as empresas e cada um de seus departamentos. Mas será que estes projetos têm a mesma relevância e validade que tinham há um ano? Tais projetos continuam focados nas demandas mais prioritárias do atual contexto?
Dar continuidade a esses projetos, portanto, exige muito mais que apenas uma breve análise. É fundamental para qualquer RH revisitar a importância estratégica destes projetos frente ao que ocorreu ao longo do ano de 2009. Eventualmente, aquela primeira edição das bolsas de estudo, que havia sido adiada para 2010, pode ser melhor contextualizada em 2011. Ou então, aquele programa para acompanhamento de performance que é sonhado para a empresa há 5 anos pode esperar mais um pouco.
É fato que a crise que nos assolou não deixou apenas sequelas orçamentárias. Há um sensível custo emocional que também marca a relação das pessoas com a empresa e dos próprios colaboradores entre si. Muitos profissionais que não foram desligados durante a crise econômica viram sua carga de trabalho aumentar e alguns de seus colegas de empresa serem demitidos.
Somar a este custo emocional o não atendimento às reais necessidades do time, paralelamente à adoção de projetos que não refletem sua atual realidade, pode acabar constituindo fatores de desmotivação da equipe – e traduzindo em cifras, fator de gastos desnecessários num momento recente de pós-crise.
Frente a este cenário, retomar mecanicamente o que havia sido planejado para 2009 pode ser um pouco inocente. É imprescindível que a equipe de RH se reúna e, por meio de entrevistas com os gestores da empresa e uma percepção aguçada das demandas veladas dos colaboradores, decida sobre como investir os novos recursos.
Você já percebeu que após uma crise há sempre uma onda de movimentações nas empresas?
Portanto, ao revisar seu planejamento para 2010, não se esqueça da máxima de Heráclito de Éfeso - filósofo pré-socrático – “A única constante é a mudança”. Caso esta seja sua realidade, não hesite, não tema a defesa de uma nova ideia ou programa. Às vezes, aí estará seu ganho de performance.
Juliano Casa é psicólogo, pós-graduando em Administração de Empresas pela FGV, empresário e especialista em RH, focado em Gestão da Carreira e Atração e Seleção de executivos.