Mantega cobra emprego e preço baixo para prorrogar IPI da linha branca
Publicada em 28/10/2009
Tatiana Resende
O ministro Guido Mantega (Fazenda) frustrou as expectativas de parte do varejo e não anunciou a prorrogação da redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para itens da linha branca após reunião com empresários do setor em São Paulo. Ele condicionou a manutenção do corte à geração de empregos e a mais promoções de produtos.
Questionado se havia metas específicas para garantir o benefício, Mantega foi vago e disse apenas que "eles [varejistas] é que são craques". "São eles que sabem fazer as promoções, divulgar o produto, dar alguma facilidade a mais para o consumidor. Acho que eles têm feito isso, mas a gente sempre pode fazer melhor".
O estímulo fiscal para geladeiras, fogões, máquinas de lavar e tanquinhos deveria acabar no próximo sábado (31), e a intenção do governo e dos empresários parece ser manter as vendas aquecidas nesta semana, para só então anunciar a prorrogação.
Prova disso é que Mantega afirmou que o objetivo é "proporcionar o melhor Natal para o consumidor brasileiro". O ministro disse ainda que, segundo análise do governo, a redução do tributo foi repassada para os preços, mas "não sei se 100%".
A presidente do IDV (Instituto para Desenvolvimento do Varejo), Luiza Helena Trajano, ressaltou que, só após a decisão sobre a prorrogação do benefício, será possível definir a quantidade de funcionários que será contratada no fim do ano. "Nosso objetivo primeiro é o emprego porque é a massa salarial que move a economia, quem consome são os trabalhadores", reiterou Mantega.
Ao ser questionada se o valor dos produtos vai ter redução, Luiza Helena afirmou que "já estamos fazendo promoção, com preços especiais, porque não sabemos se o IPI vai continuar ou não". "O que o ministro quer saber é o que mais podemos fazer para incentivar o consumo em novembro e dezembro e nós vamos estudar", completou.
Sobre a diminuição dos juros cobrados dos consumidores nas vendas a prazo, outro pedido feito pelo governo, Luiza Helena retrucou lembrando da alta carga tributária e das taxas que incidem nos recursos captados pelos varejistas nos bancos. "Quanto mais a gente pegar [dinheiro] com juros mais baixos, mais a gente vai repassar para o consumidor. O interessante é vender."