Por Eugenio Mussak*
Certa vez, fui com um grupo participar de um congresso em Paris. Logo no desembarque fomos informados de que havia uma greve de motoristas de táxi. A solução era óbvia: decidimos ir de metrô. Nessa hora, uma das participantes retrucou: “Não estou preparada para andar de metrô!”. Ninguém entendeu muito bem o que ela quis dizer. Fomos todos de metrô para o hotel e pronto.
O exemplo, apesar de simples, é uma metáfora da vida — nem sempre as coisas acontecem exatamente como planejamos, e a capacidade |
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para conviver com uma mudança de plano pode ser muito útil. O bom estrategista não é aquele que faz um plano infalível, e sim o que prevê a possibilidade de mudanças.
Não há plano perfeito por um motivo muito simples: o número de variáveis da vida real é muito grande. A socióloga inglesa Joan Woodward estudou a relação entre as teorias administrativas e seu êxito quando colocadas em prática. Concluiu que as melhores teorias são as que consideram as contingências. E o que é contingência? Bem, trata-se de um evento que está fora do planejado e que pode ocorrer por dois motivos: porque não foi previsto ou porque não se podia prever.
Se você não aproveitou o fim de semana na praia porque choveu sem parar, não tem a quem se queixar. Você poderia ter consultado os serviços de meteorologia. Nesse caso, a chuva foi inesperada para você, apesar de previsível. Mas, se o seu fim de semana foi prejudicado pela falta de cerveja em seu bar preferido porque o caminhão que faz a entrega teve um acidente, ocorreu algo inesperado e imprevisível. Nesse caso, você tem de estar preparado para conviver com a alteração: alegre-se com a água-de-coco e pronto. E se você disser “não estou preparado para tomar água-de-coco!”, o mundo vai rir de você e continuará a girar em seu eixo.
Com as carreiras e com os negócios não é muito diferente. Quando você procura prever os acontecimentos e diminuir as surpresas, está agindo como um estrategista. E quando convive bem com o imprevisível e encontra novos caminhos, está se comportando como um líder. Eis por que um líder estrategista é tão cobiçado.
*Eugenio Mussak é professor do MBA da FIA e consultor da Sapiens Sapiens.
eugenio@ssdi.com.br